Karatê Dojo 87 Regras e etiquetas
- Sempre que seu Sensei estiver dando uma explicação, olhe para ele o tempo todo. A menos que
ele mande olhar em uma outra direção, permaneça olhando para ele. - Não se distraia, não converse com outro aluno, não tente fazer o movimento antes que ele dê o
sinal de início. - Quando o Sensei começar a falar alguma coisa, pare imediatamente de fazer o que quer que você
esteja fazendo e escute. - No Dojô paredes são nuas, brancas, ostentando no centro da parede, a nascente, os símbolos do
Budo (O Espírito das Artes Marciais): uma foto do Shihan (Mestre fundador), a quem o Karatê deve
a sua existência; uma katana (sabre Samurai); um “kakemono” (pintura japonesa que se enrola em
bambú), e um quadro, contendo as cinco máximas, os regulamentos ou mandamentos do Dojo: o
“Dojo Kun”,. - Nos verdadeiros dojôs de karatê, os atletas falam muito pouco e treinam bastante.
Esporadicamente o Sensei dá explicações formais sobre algum assunto que não esteja a seu
contento, assim quando o Sensei fala alguma coisa todos o ouvem com muita atenção. - Faz parte do treinamento de Karatê: ao ouvir o “Yame”, parar imediatamente o que estiver
fazendo e ouvir as instruções. Não permita que seu ego inchado considere que o que você está
fazendo é mais importante que o assunto para o qual o Sensei lhe chama. - Ao cumprimentar em pé (hitsurei), colocar os pés juntos e as mãos ao lado (homens) ou à frente
das coxas (mulheres) com os dedos juntos e dobrar a coluna no máximo 45 graus olhando para os
pés da pessoa cumprimentada, num tempo aproximado de 5 segundos e depois voltar a posição
normal. - Ao efetuar o cumprimento demonstre claramente que você tem pressa em demonstrar seu
respeito (curve-se rápido), mas não tem pressa em parar de demonstrá-lo (retorne a posição de
forma bem lenta). - A distância entre você e quem você cumprimenta deve ser de 3 a 5 passos, olhe para o chão,
nunca para o rosto de alguém de hierarquia superior. - Não estabeleça contato físico com alguém de hierarquia maior que a sua, a não ser que ele
inicie o contato, por exemplo: aperto de mãos, abraços etc. - No cumprimento, você deve se abaixar primeiro que seu superior e retornar depois dele. Não se
esqueça que a espiga de milho quanto mais madura, mais abaixa a cabeça, nem das salas de chá
japonesas (chanoyu) onde todos tem que se abaixar para entrar, em razão da soleira ser bem baixa. - Ao iniciar o treinamento com um parceiro cumprimentar e depois dizer: onegai- shimasu (por favor,
me conceda esse favor), ao terminar, cumprimente novamente e diga: domo arigato
gozaimashita (muito obrigado). - Quando estiver conversando ou ouvindo alguma explanação por parte de alguém que seja
superior hierarquicamente a você, coloque-se de maneira respeitosa:
– fique com os pés apoiados por igual, não coloque o peso do corpo em cima de uma perna ou outra,
não fique trocando de posição;
– não coloque as mãos nos bolsos, na cintura nem fique estalando os dedos;
– não se encoste em paredes ou soleiras de portas;
– nunca fique num plano superior ao dele;
– mantenha os braços soltos ao longo do corpo ou cruze as mãos na frente do corpo ou atrás na
posição de garçom;
– não fique olhando em volta, prestando atenção em quem entra ou sai;
– ao escutar… Faça apenas isso… Escute e aprenda. - Quando em trajeto (deslocamento a pé) não é educado permitir que um graduado carregue
malas, embrulhos ou bolsas, ofereça-se imediatamente para carregar seus pertences, mesmo que
ele não queira aceitar, insista que ele acabará deixando. A recusa de ajuda é uma praxe no reigi. - O aluno mais antigo (senpai) deverá andar à sua esquerda, ligeiramente atrás de seus passos, o
segundo mais antigo deverá andar à direita e, o menos graduado deverá andar na frente, afinal o
maior perigo sempre é aquele que vem pelas costas de onde não estamos preparados, por isso os
mais graduados sempre devem andar um pouco mais para trás. Somente passe a sua frente para
abrir a porta de um carro ou porta de algum lugar. - Enquanto em deslocamento, não permitir que outras pessoas estranhas ao grupo interfiram entre
o graduado e seus acompanhantes, seja quando eles estiverem andando, parados ou conversando
em grupo. - Nunca perguntar ou acrescentar alguma coisa sobre o assunto que eles estiverem conversando,
mesmo que você tenha conhecimento de causa. Somente responder quando for perguntado e,
mesmo assim de forma sucinta e econômica. - Nunca tente demonstrar erudição, conhecimento ou inteligência, continue se esforçando até que
um dia você também será um mestre e terá oportunidade de demonstrar seus conhecimentos. - Comporte-se adequadamente, pois se você ferir o sutil código de etiqueta, decôro e conduta,
quem passará vergonha é seu Sensei, que não soube te ensinar corretamente como se comportar. - Acostume-se a efetuar o gesto formal de cumprimento (abaixar a cabeça) ao entrar e sair do
Dojô (local de treinamento), ao encontrar o seu Sensei (ou qualquer aluno mais graduado que você)
ou quando quiser lhe dirigir a palavra. - A disciplina e a reverência sempre foram uma tônica nas artes marciais japonesas.
- A reverência não é efetuada, especificamente, para a pessoa do Sensei, mas para o que ele
representa. - Ao entrar no Dojô, coloque sempre os chinelos ou sandálias com as pontas nitidamente,
apontadas para a parede. O relaxamento com as pequenas coisas demonstra uma mente
descuidada e indisciplinada. É nas pequenas demonstrações de etiqueta que se conhece a
verdadeira escola de karatê tradicional, e não um amontoado de pessoas truculentas praticando
violência gratuita e sem objetivo. - Nunca arrume seu kimono ou faixa de frente para o Sensei, para o Tokonoma (uma espécie de
altar), para a imagem ou qualquer outra representação de qualquer um dos patriarcas e ancestrais
do karatê. - Este ato, em princípio despretensioso, demonstra grande falta de respeito e desconhecimento da
tradição marcial japonesa. Quando um praticante de karatê se compõe (se arruma) ou se penteia de
frente para o Sensei, deixa claro que se considera um igual, do mesmo nível e com o mesmo
conhecimento que ele. - Quando isso acontece à frente do Tokonoma ou o retrato do Mestre, demonstra não conhecer
nem respeitar o que eles representam. - Todas as vezes que algum aluno chegar atrasado no Dojô ou depois da aula já ter começado,
rege a etiqueta que o aluno deve cumprimentar primeiramente o Tokonoma assim que entrar no
Dojô. Deve se encaminhar para a parte da frente da turma, nunca passando pela frente da turma ou
entre o Sensei e o Tokonoma e se colocar em pé ou em seiza ao lado do primeiro aluno da primera
fila e ficar olhando para o Sensei, esperando que ele o veja, lhe cumprimente e lhe conceda
permissão para treinar, após o que você pode se aquecer. - Assim que houver uma primeira pausa você deverá entrar no final da turma ou, se o Sensei lhe
disser, entrar no lugar que sua graduação requer. - Ao chegar, deve o aluno cumprimentar o Tokonoma, entrando pelo lado da porta que fica mais
longe do altar, no caso de ser uma porta frontal, entrar com o pé esquerdo. - Sempre que for entrar no Dojô deve, colocar um pé e depois o outro, até que um pé fique
encostado no outro e efetuar um cumprimento, não é necessário falar a palavra “oss”. - No caso desse aluno que chegou atrasado ser um faixa preta formado pelo Sensei daquele Dojô,
não é necessário ficar em pé ou em seiza, esperando a autorização do Sensei para começar a
treinar, esse aluno já tem prévia autorização para chegar atrasado, entende-se que ele tenha uma
espécie de “reconhecimento marcial” inclusive, se a aula for apenas de iniciantes, ele também tem
autorização prévia para ficar afastado treinando o que achar mais conveniente, até que o Sensei lhe
diga o que treinar. - Não mostre a sola dos pés descalços ou não, para o Sensei, para o altar dos ancestrais
(butsudan) ou para qualquer retrato dos ancestrais ou patriarcas. Os japoneses e chineses
consideram os pés sujos e impuros (por estarem em contato com o chão), deste modo, este ato é
tido como grande falta de respeito e educação. Uma das primeiras alterações que a china efetuou na
prática budista foi a de não se sentar diretamente no chão, como faziam os indús e, sim sobre um
acolchoado, por considerarem os pés sujos. - Evite, (ainda que se saiba da curiosidade presente na nossa sociedade ocidental) fazer qualquer
tipo de perguntas que não se façam absolutamente necessárias, seja no decorrer da aula ou fora
dela. O Sensei sabe exatamente quais informações deve prestar, quando prestar e para qual aluno.
Lembre-se na prática do karatê: “não há nada escondido que não lhe seja mostrado nem nada
oculto que não lhe seja revelado”. - Dirija-se ao Sensei sempre de maneira educada e respeitosa.
- Todo o seu avanço na prática do karatê deve-se a seus ensinamentos.
- O Sensei tem por objetivo maior ensinar ao aluno disciplina marcial, segundo os princípios e
ditames da filosofia zen, tornando-o apto a ser uma pessoa de bem, dotada de capacidade de
direção, comando, coordenação, controle e capacidade de decisão. - A prática do karatê deve sempre ser efetuada com um espírito ishinryu mushotoku (sem almejar
resultados, com a mente livre de objetivos que não sejam puramente a prática pela prática). - A formalidade do aluno dentro do local de prática (Dojô) lhe permite conservar a harmonia e a
tranquilidade em todos os momentos e situações da vida. - Durante a prática do karatê o discípulo é condicionado a comportamentos e posturas enérgicas e
firmes, porém com gentileza, educação e disciplina, como cabe a cidadãos educados. Dai a
importância do respeito no trato com o Sensei e seus colegas de prática. - Através da ritualística e da etiqueta, sem perceber o praticante é treinado para o “modus
educandus” e as formalidades indispensáveis às pessoas que vivem em sociedade. - No reigi saho percebe-se claramente que o mais importante da prática não é chegar a algum
lugar, ser melhor, mais competente ou sair-se vitorioso em campeonatos ou torneios, mas descobrir
o potencial individual, a energia latente e a natureza divina que habita todos os seres vivos. - É o reigi saho o bridão que segura nossas emoções externas;
. Que organiza a hierarquia dos praticantes;
. A competência funcional;
. Que não permite o deslize, a arrogância e a grosseria;
. Que preserva a tradição e a mantém com o passar dos anos.
. É ele que produz para a comunidade e, naturalmente para a sociedade um homem educado,
competente e produtivo. - A prática do karatê deve ser entendida e praticada como um ato quase que sagrado, cada aula
que se encerra nos coloca um pouco mais próximos do fim do caminho. - A apresentação pessoal deve ser como a de quem se encontra indo a um lugar de cerimônia,
por isso, sempre que possível: apresente-se: de banho tomado, de barba feita, com a roupa de
prática limpa e passada, com os cabelos penteados, com as unhas limpas e aparadas (pés e mãos)
sem o uso de maquiagem, perfumes fortes e desodorantes de odor doce, dentes limpos, sem
adereços ou enfeites barulhentos de qualquer tipo (brincos, pulseiras, anéis, cordões, gargantilhas
etc.). - Participe das atividades externas desenvolvidas pela instituição em que você pratica, pois elas
são importantes para o convívio da comunidade e foram desenvolvidas ao longo dos séculos para
ajudar no seu desenvolvimento. - Não se prenda as suas opiniões. Não discuta sua visão particular com os outros.
- Defender suas opiniões é destruir sua prática.
- Não vá onde não deve.
- Não escute conversa alheia.
- Não reproduza a maldade da ganância da raiva ou ignorância.
- Sempre aja em grupo. Não tente se sobressair agindo de maneira diferente.
- No Dojô caminhe lentamente, não atrapalhe os que estão treinando.
- Faça os movimentos corretos, não invente nada.
- Não fale nem ria alto no Dojô.
- Tenha paciência com os mais velhos.
- Tenha o dobro de paciência com os mais jovens.
- Seja hospitaleiro com as visitas. Faça-as sentirem-se bem vindas, atenda as suas necessidades.
- Quando Senseis graduados visitarem o Dojô, cumprimente-os educadamente e se coloque a
disposição do seu mestre. - Converse sempre com consideração e respeito.
- Seja cortês, deixe as visitas passarem primeiro.
- Ajude aos iniciantes.
- Endureça o treino com os mais antigos.
- Não seja farsante.
- Não faça fofoca.
- Não se prenda ao kamae escrituras.
- Não seja preguiçoso.
- Não seja frívolo.
- Não discuta com as visitas aspectos irrelevantes internos do Dojô.
- Ter desejos demais destroem sua prática.
- Não se iluda pensando ser uma pessoa grandiosa e livre.
- Cuide de si mesmo, não se preocupe com os outros.
- Treine para você e não para agradar aos que estão olhando.
- Não julgue os outros.
- Sempre fale educadamente.
- Não utilize linguagem vulgar.
- Não minta.
- Não exagere, ao contar fatos.
- Não represente, você não é ator de novela nem político, você é um praticante de karatê.
- Não procure confusão.
- Se você perceber dois praticantes discutindo não atice com palavras, não tome partido, fale
gentilmente para acalmar os ânimos. - Durante a prática do Kata faça como os outros, não tente aparecer nem se destacar.
- Perceba o verdadeiro significado da prática de Kata.
- Quando ouvir as preleções do seu Sensei, mantenha a mente clara. Não se apegue às palavras.
Destrua o pensamento conceitual e capte o verdadeiro objetivo do ensinamento. - Não pense que já entendeu e não precisa mais escutar essas palestras.
- Se você tem alguma pergunta, faça-a na hora certa.
- O Sensei representa uma linhagem de séculos, merece respeito. Respeite o Sensei não como
pessoa, mas como um digno sucessor do legado do karatê. - Se uma serpente bebe água, a água se torna veneno. Se uma vaca bebe água, a água se torna
leite. Você treina karatê, no que ele vai se transformar?